“Olharão para aquele que transpassaram” (Jo 19, 37), assim João Evangelista associou a profecia de Zacarias à contemplação do Crucificado, e justamente no espetáculo do lado aberto de Jesus, é que nasce a devoção ao Sagrado Coração de Jesus. Um coração, tão cheio de amor, que se permitiu ser ferido para jorrar sangue e água sobre nós, e nos lavar das impurezas, curar, as feridas e nos atrair para o amor de Deus.

Na divina providência, essa devoção ganhou maior divulgação a partir de uma experiência íntima de Santa Margarida Maria Alacoque (1647-1690) com Jesus, onde Jesus mostrou seu coração a Santa, e lhe confessou: “Eis este coração que tanto tem amado os homens. Não recebo da maior parte senão ingratidões, desprezos, ultrajes, sacrilégios, indiferenças… E prometo-te que o Meu Coração se dilatará para derramar com abundância as influências de Seu divino Amor sobre os que tributem esta divina honra e que procurem que ela lhe seja prestada”. Por isso, vários Papas incentivarem esta devoção através de encíclicas e lhe fora instituída a festa do Sagrado Coração na sexta-feira após a festa de Corpus Christi.

Na riqueza da profundidade do Coração de Jesus, é que a Igreja reza também pelo clero, e lhe dedica a oração da Hora Santa neste dia. São João Maria Vianney, dizia que “o sacerdote é o amor do Coração de Jesus”, por isso é um tempo propício para interceder por aqueles que foram chamados a serem pessoa de Cristo, para que amados por Jesus, foram atraídos a também ser canal de cura, libertação e intimidade com o Senhor.

Rezemos a oração pelos sacerdotes, indulgenciada por São Pio X:                 “Ó Jesus, Pontífice Eterno, Divino Sacrificador, Vós que, no Vosso incomparável amor, deixastes sair do Vosso Sagrado Coração o sacerdócio cristão, dignai-Vos derramar, nos Vossos sacerdotes, as ondas vivificantes do Amor infinito. Vivei neles, transformai-os em Vós, tornai-os, pela Vossa graça, instrumentos de Vossas Misericórdias. Atuai neles e por eles, e fazei que, revestidos inteiramente de Vós pela fiel imitação de Vossas adoráveis virtudes, operem, em Vosso nome e pela força de Vosso espírito, as obras que Vós mesmo realizastes para a salvação do mundo. Divino Redentor das almas, vede como é grande a multidão dos que dormem ainda nas trevas do erro; contai o número dessas ovelhas infiéis que ladeiam os precipícios; considerai a multidão dos pobres, dos famintos, dos ignorantes e dos fracos que gemem ao abandono. Voltai para nós por intermédio dos Vossos sacerdotes. Revivei neles; atuai por eles, e passai de novo através do mundo, ensinando, perdoando, consolando, sacrificando, e reatando os laços sagrados do amor entre o Coração de Deus e o coração humano”.