Iniciamos nossa preparação para a grande festa da Páscoa, a quaresma, um tempo sagrado, ao qual podemos fazer um retiro espiritual que nos convida a estar unidos a Nosso Senhor no deserto, onde “Ele quer nos falar ao coração” (Os 2, 14). Neste encontro, devemos fazer uma revisão de vida e nos abrir a conversão, como nos inspira a Carta aos Hebreus: “Livremo-nos de tudo o que nos atrapalha e do pecado que nos envolve, e corramos com perseverança a corrida que nos é proposta, tendo os olhos fitos em Jesus, autor e consumador da nossa fé. Ele, pela alegria que lhe fora proposta, suportou a cruz, desprezando a vergonha, e assentou-se à direita do trono de Deus” (Hb 12, 1-2).
A fim de nos ajudar a viver bem estes 40 dias, a Igreja nos propõe a observar as obras quaresmais: a esmola, o jejum e a oração. Práticas estas que nos ajudam a combater “as paixões da carne, a cobiça dos olhos e a ostentação dos bens” (1 Jo 2,16). Para tanto, é necessário esclarecer as dimensões fundamentais destas obras.
Através do jejum, somos exercitados na disciplina, adquirimos mais força de vontade e melhor capacidade de vigilância. Acerca deste propósito, o sacerdote e funcionário da Secretaria de Estado do Vaticano, Mons. Florian Kolfhaus explica que: “Jesus jejuou 40 dias no deserto até sentir fome. Nós também não deveríamos nos assustarmos na quaresma, com o sentir fome, pois, através desse oferecimento, tal como promete o Senhor, podemos fazer com que nossa oração produza mais frutos”. No entanto, vale recordar que grávidas e doentes estão dispensados do jejum, e que devem fazê-lo aqueles que tiverem completado dezoito anos até os cinquenta e nove completos. Os outros podem fazer, mas sem obrigação. Para além da alimentação o jejum pode também nos sugerir outras penitências, como se afastar da televisão, das redes sociais e das demais distrações na quaresma.
Quanto à oração, somos chamados a entendê-la como encontro pessoal com o Senhor, que se dá com a oração pessoal que pode ser junto à um crucifixo para melhor contemplar Sua oferta de amor por nós, também através do santo terço, da reflexão da Via Sacra, da adoração ao Santíssimo Sacramento, e é claro da participação à Eucaristia.
Por sua vez, através da esmola, não devemos dar aos outros aquilo que nos sobra, ou que não nos serve, a esmola quaresmal é o fruto do nosso jejum, da abstinência que nos propomos. Podemos também fazer boas obras ao próximo e ajudar os mais necessitados.
Contudo, especialmente no tempo quaresmal, devemos fazer “oferecimentos ou mortificações”. Segundo Mons. Kolfhaus, Nosso Senhor Jesus, “que esteve sedento na Cruz, pode ser consolado por nós”, e que isso se dá quando o fiel carrega sua cruz suportando pacientemente as doenças ou os problemas, sem reclamações ou lamúrias. Que neste tempo, o Espírito Santo nos oriente como guiou Nosso Senhor Jesus no deserto! Uma santa quaresma a todos!
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